O Fundo do Poço
Sinto as forças a escaparem-me entre as mãos...Sinto-me cansada! Há toda uma aura negativa à minha volta, como se não bastasse a minha, tenho ainda várias outras. Sinto-me cansada, não só fisicamente, mas também de lutar contra isto. Quando me tento libertar, elas sufocam-me. Sinto-me constantemente a remar contra a maré, a asfixiar, sem ar. Preciso de encher os pulmões de ar por um segundo e dizer "Eu consigo!", mas cada vez se torna mais difícil. Sinto-me claustrofóbica na minha própria vida, prestes a estagnar, que quando estamos prestes a afogarmo-nos não se torna fácil de lidar. Por fora há todo um escudo, que já vai ficando corroido, pois por dentro já sinto partes a apodrecer. Preciso, preciso mesmo de mostrar e provar a mim própria que consigo que podem corroer, mas que se conseguir respirar fundo uma unica vez, nada me vai deter. No entanto serei implacavel, ja sei. Todas as vezes que o consigo fazer, diminui este coração que já se vem tornando infimo. Neste momento sinto-me num local escuro sozinha, sentada, as paredes vêm de encontro a mim, e do escuro vêm facadas que me fazem esvair em sangue, Mas como tantas outras vezes eu sei que este escuro vai revelar alguma luz em mim, este fundo de poço, não vai ser tão fundo ao ponto de não ma deixar ver. Não choro, nem vou chorar, as unicas gotas que vou libertar desta vez são as do meu suor. Vou juntá-las todas e juntamente com o sangue, vou encher o poço, vou nadar um pouco mais e hei-de voltar à minha superficie, visto que me perdi no interior. Ainda não é desta que vou desistir, vai ser através do meu sangue e suor que vou sair deste buraco. O meu unico medo é não poder garantir o que resta de Mim, que consiga juntar todos os restos e pedaços que vou deixando pelo caminho. Mas isso terei mesmo de esperar para ver...